O mito da neutralidade
Crônica antiga republicada agora.
O mito da neutralidade
Navegantes, domingo, 24 de novembro de 2024
Aqui colocando em dia as minhas atividades acadêmicas e lendo a obra “A Literatura Catarinense” do autor Celestino Sachet eu acabei me encontrando nas linhas. Indo estudar em outra cidade, precisava expressar de alguma forma aquilo que vi, vivi e estou vendo e vivendo. Logo, “Assim como a literatura brasileira do século XVI está contida nas páginas de navegadores europeus que por aqui andaram, assim, as primeiras manifestações literárias de Santa Catarina mal passam de relatórios ou de escritos [...] (Sachet, 1985, p. 14)”.
E aqui desembarco no mito da neutralidade. A professora propôs que os alunos expressassem suas reflexões que envolvem a neutralidade (se é mito ou não) na Biblioteconomia. Há uma citação bíblica do livro de Apocalipse que diz: “Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te".
Antes de comentar ideologia em sala de aula, prefiro manter a postura fleumática, abster-me do uso da palavra em algumas situações, refletir e então digitar. Assim, compartilho a quem interessar os meus pensamentos. Acredito que assim o pensamento crítico é estimulado, autores são criados e novas obras surgem.
A expressão em palavras ou “Essa literatura-reportagem pode ser reunida em duas grandes linhas: o relatório oficial de um lado, e a narrativa, com alguma preocupação literária para atrair atenção e curiosidade do grande público, do outro” (Sachet, 1985, p. 14).
Visto que antes do fazer bibliotecário, estudantes ainda carecem dos mínimos recursos para sua subsistência, quem dirá educação! Sem falar naqueles que se deslocam diariamente a Universidade enfrentando percalços. E há ainda aqueles distantes de seus familiares que lutam por seus direitos básicos e carecem do afeto familiar. Problemas reais do dia a dia que muitas pessoas, que indiferente da cor da pele, enfrentam anonimamente.
Enquanto finalizo esta reflexão (ou desabafo?), discute-se sobre qual será a ideologia da vez, no mesmo momento em que há alunos que não tem seus recursos mínimos garantidos, pessoas independentemente da cor da pele embarcando no mesmo ônibus, demagogo proferindo discurso sem citar a referência e sem nunca ter colocado os pés em uma biblioteca, ecologistas “politicamente corretos” que são contra a impressão de folhas enquanto o Legislativo e o Judiciário adotam a cartilha contrária. Onde eu estava mesmo? Ah, sim! No mito da neutralidade...
Referências
BÍBLIA CATÓLICA. Apocalipse 3, 16. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/apocalipse/3/16/. Acesso em: 24 nov. 2024.
BIBLIOO. A biblioteconomia e a política lado a lado. Disponível em: https://biblioo.info/a-biblioteconomia-e-a-politica-lado-a-lado/. Acesso em: 24 nov. 2024.
OFAJ. Coluna de conteúdo. Disponível em: https://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=1147. Acesso em: 24 nov. 2024.
Sachet, Celestino. A Literatura Catarinense. Florianópolis: Lunardelli, 1985.