O Verso Alexandrino

O Verso Alexandrino

Tressua luz e ferve a tua nobre fronte,
Como o rubor da aurora em mais amplo horizonte,
O verso alexandrino; e inda em cheio esplendor,
Sustendo aos ombros suas esferas de harmonia,
Asas de oiro batendo aos céus, há pouco, o via
Nos muros de Sião, face a face ao Senhor.

Sobre a forma não fulge e não domina a ideia?
É bela? Tem de luz a fronte augusta cheia?
Arrasta em seu caminho a túnica real?
Que importa o pedregoso e rude de moldura?
Que importa em que cadinho a mão rija e segura
Lançou e derreteu o fúlgido metal?

Vem sussurrante a estrofe, e na asa branca arrasta
Da funda solidão, da solidão tão vasta,
Que alma se chama, à terra o que ela nos mandou?
De lágrimas molhado, ou de oiro derretido?
De plácido sorriso o verso vem vestido?
Cantou? Gemeu? Sorriu? - Que importa o mais? -
Bastou.

Versos extraídos da obra impressa “Poesia Completa: II Poemas Longos” do acadêmico, autor e patrono da Academia Catarinense de Letras, Luiz Delfino.

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