O Poeta VS o sistema
E agora eu estou digitando esta possível crônica do escritório de casa, em Navegantes. Bom, não sei se o conteúdo compartilhado se tornará crônica ou um meio de desabafar com quem lê e também uma maneira para organizar os meus pensamentos e raciocínio. Pois bem, hoje durante o almoço em família aqui em casa a minha mãe comentou sobre a possível retirada da Pedra da Miraguaia no bairro Gravatá aqui do município de Navegantes. Bom, não sei você que está lendo sabe, mas a Pedra da Miraguaia é um dos pontos turísticos do município, sendo um viveiro natural de mariscos, atrai apreciadores da pesca de arremesso durante todo o ano¹, além de ser um lindo lugar “instagramável”.
Retomando o tom saudosista das
minhas últimas crônicas, eu mesmo já tirei muitas fotografias por ali, caminhei
pela areia da praia, pelo deck da orla e pedalei pela ciclofaixa apreciando a beleza
natural. E me veio o pensamento: como ficaria a orla sem essa beleza natural? O
tom escolhido por aqueles a favor da remoção é do crescimento e desenvolvimento
econômico de Navegantes e região semelhante ao de Balneário Camboriú com a
extensão da faixa de areia. Mas, será que todos os munícipes são a favor de tal atitude? Veja bem, não sei você, mas apesar de BC se vender bem, há problemas
na cidade. O mesmo dentro do município de Navegantes. Há aqueles que discursam
que o alargamento da faixa de areia é essencial porque o bairro Gravatá não
possui mais areia por causa do mar invadindo... Veja bem, eu mesmo circulo por
ali e das últimas vezes que circulei a praia estava cheia de turistas e com faixa de areia. Será que
não seria uma falta de parar para pensar um pouco? Porque, não sei você, mas
acredito que a universidade local com o Centro de Ciências Tecnológicas da
Terra e do Mar (CTTMar) deve possuir registro do nível das marés, assim como é
possível ter uma simples noção dos movimentos das marés com os nativos pescadores que pelo simples
observar da lua e dos ventos conseguem dizer se vai ter maré alta ou não.
Sim, eu acredito no crescimento e
desenvolvimento econômico, porém, para que lado a balança está pendendo?
Um olhar mais atento e retomando à
tradição pode nos levar a 1880: “A partir de 1880 começaram a chegar vapores
maiores no modesto porto de Itajaí e começavam a se destacar os profissionais
da carpintaria e marcenaria naval, verdadeiros artistas que entalhavam na
madeira verdadeiras obras de arte [...].²” Você, mais moderno que lê esse meu
texto, pode não saber, mas apesar de Itajaí e Navegantes possuírem dois portos de
renome e destaque global, a carpintaria e marcenaria tradicional não deixou de existir.
Muito pelo contrário, ainda mantém a sua tradição, beleza e protagonismo. Sendo
estes, os trabalhadores manuais, verdadeiros artistas que criam obras de arte.
Novamente, vale a pena parar e refletir
sobre a utilidade daquilo que está sendo proposto. Hoje em dia, o prático tomou
o lugar do tradicional, e a correria o da contemplação e até mesmo do ócio. É o
instantâneo que dita o ritmo das coisas. Mas quem é que está ditando o ritmo instantâneo?
Aonde estão as áreas arborizadas
das cidades? Em Florianópolis, por exemplo, "a tão invejada” capital catarinense
possui um Jardim Botânico que não passa de um simples parque. Fritz Muller
ficaria com vergonha de caminhar por lá... Ainda bem que os prédios históricos preservam as suas características originais, mantendo a sua beleza, contornos e harmonia. Não, os pichadores nunca tirarão a beleza dos
patrimônios públicos, monumentos e estátuas pichados por eles com a petulância
de dizer que o que fazem é expressão artística. Não, nunca serão!
Parece que estamos vivendo um “Deus
nos acuda!” e “pára o mundo porque eu quero descer!”. Porque acredito que eu
não seja o único que pensa assim. Ainda recentemente comentei em uma publicação
na mídia social Instagram sobre o sistema e faço questão de compartilhar
nesta crônica: “Eu sei que as minhas ideias não vão de encontro ao que o
sistema espera, mas o que é o sistema, afinal? Eu sou uma pessoa, o sistema
não, logo, o homem sempre dominará a máquina.” E sabe o que um homem tem diferente
de uma máquina? A centelha divina, a criação, o poder de sentir, ter emoções,
discernir... E de não ser refém do sistema.
Porque, veja bem, entrando no ambiente bibliotecário é muito discutido se a Inteligência Artificial (IA) tomará o lugar do homem e é toda uma teoria da conspiração e profetas do apocalipse discursando que o mundo das bibliotecas será digital e que não existirão mais livros impressos. Será mesmo? Talvez as novas bibliotecas estarão nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, porque me desculpem a “red pill” do dia, mas lá eles continuam imprimindo milhares de folhas de papel “à rodo” sem se preocupar com a quantidade de florestas amazônicas que estão desmatando.
A você moderno que continua lendo:
desculpe o tom nada convencional que eu utilizo, mas quem é raiz é “assim memo”.
Reiller Ruan Koehler